domingo, março 14, 2010

Angel


Há três anos foi o meu primeiro ano.

Com receio e fúria avancei para o desconhecido, fui corajosa, mas fui porque sim, porque me era imposto sê-lo.

Caras novas, maneiras de ser diferentes, sorrisos sinceros e o conforto encontrava-se no desconforto. Entrei porque tive que entrar e com pouca vontade lá fiquei, só conseguia pensar em voltar a casa.

Noites e dias passaram e eu só chorava, chorava porque não conseguia estar onde devia, sentia-me fraca, não fazia mais nada do que tentar estar no conforto, aquilo do qual ninguém tem receio de ficar mas receio de sair.

Uma mão amiga abriu-se em forma de ajuda ao meu desespero, eu agarrei-a e ela agarrou-me com uma força e uma segurança inexplicável, esboçou um sorriso doce e disse " Está tudo bem, eu estou aqui, não te preocupes", apesar de não conhecer aquela pessoa de lado algum, senti-me segura, senti-me bem pela primeira vez em 7 dias. A partir desse dia, todas a noites frias ela se aproximava de mim e aconchegava-me, ficavamos assim juntinhas até eu adormecer. Ela punha uma música que alguém especial do qual ela gostava muito lhe tinha enviado e ao som dessa música, unidas num só ser, nos deixávamos levar pela ilusão de um mundo seguro.

Um dia ela chorou, aquela pessoa forte que há dias me tinha dado segurança e conforto, chorára pela primeira vez.. Interroguei-me porque o fazia, se até lá tinha sido tão forte, depois pensei que talvez quando ninguém visse ela chorasse, mas que se fazia de forte perante os outros. Aproximei-me dela, dei-lhe a mão de um modo enamorado e disse "Está tudo bem, eu estou aqui, não te preocupes", e aconcheguei-a a mim, e assim ficámos durantes horas enquanto ela chorava e soluçava, agarradas uma à outra como um só. Aquela que outrora tinha sido a minha força era agora a sua fraqueza e eu apenas alguém no qual ela podia confiar. Não lhe perguntei nada, nem lhe disse nada mais, limitei-me apenas a segurá-la para ela saber que eu podia ser confiada.

Chegou o último dia do meu primeiro ano e era por isso a hora da despedida, aquela hora temida por mim, pois não a queria perder por nada.

Ela aproximou-se de mim, olhou-me nos olhos, passou a sua mão delicada pela minha face dizendo "Estarás sempre comigo", piscou o olho, só me dando tempo para sorrir e virou as costas sem voltar a olhar para trás, não lhe consegui dizer nada pois as palavras que lhe queria dizer encontravam-se encravadas, no entanto ela deixara cair uma última lágrima logo após ter virado as costas. Eu virei-me para ir buscar a minha mala e quando me voltára a virar ela já lá não estava; procurei-a com o olhar por ali adiante, mas nem sinais dela..

Passaram 3 anos e nunca mais tive notícias dela, ela nunca mais voltára lá e eu todos os anos lá vou com a esperança de a poder ver uma última vez.


[Lamb - Angel Gabriel]



Obrigada pela leitura atenciosa.


Adriana - Sei lá 8D

3 comentários: